Catching Feelings
1º Capitulo
O despertador toca a exatamente 7:00 horas da manhã. Acordei-me no susto daquele som irritante tocando nos meus ouvidos. Meus cabelos estavam completamente desarrumados, minha roupa toda torta e amassada, pois tinha me revirado muito na cama na noite passada.
Havia sonhado algo muito estranho. Tinha sonhado com meu pai e minha mãe juntos novamente. Era algo completamente impossível de acontecer, pois perdi minha mãe minutos após dela ter me dado a luz. Ela era muito jovem, tinha apenas 23 anos de idade quando engravidou de meu pai. Mas pelo o que eu soube, os dois amavam-se muito, e era isso o que importava.
Entrei de baixo do chuveiro, que me proporcionava uma gostosa água quentinha, nas manhãs frias de Stratford . Relaxei sentido aquela água quentinha tocando a minha pele morena que tinha erdado de minha mãe. Comecei a lembrar dos sonhos que tinha tido com ela, eu apenas a conhecia por fotos. Ela era linda, tinha olhos negros, seus cabelos eram leves, lisos e bem cuidados, tinha lábios carnudos - algo que eu também tinha erdado dela, e que também me incomodava - seu sorriso era tão inocente quanto o brilho que havia em seus olhos. Era triste poder ver isso apenas em sonhos.
Vesti minha roupa que tinha separado no dia anterior. Era meu primeiro dia de aula, após as longas férias de verão. Não era uma vestimenta especial para o primeiro dia de aula. OK. Eu sei que existe aquela tradição que em primeiro dia de aula, você precisa de uma bela produção. Afinal, é o dia em que você reencontra pessoas que não vê durante várias semanas, ou então quando conhece pessoas novas. Eu não fazia questão desta "produção". Vesti minhas calças jeans, que eu mesma havia feito alguns rasgões. Calcei minhas botas pretas sem salto, camiseta, moletom, e peguei minha touca.
Desci rápidamente com minha mochila pesada. Logo avistei papai, que estava sentado na mesa da cozinha, tomando seu café e lendo seu jornal - no caderno de esportes para ser mais exata -.
- Bom dia pai.- sentei-me a mesa, para acompanha-lo. Tomar café da manhã um na companhia do outro era o que sempre faziamos até eu completar 9 anos de idade. Foi quando papai conheceu Lauren. Lauren e papai conheceram-se em uma das festas do escritório do papai. Bem...no começo eu não aceitava nem um pouco. Eu achava que aquela estranha mulher iria tomar o lugar de minha mãe, mesmo com meu pai dizendo que amava muito. Ele tinha de seguir a sua vida. E agora que já faz uns 6 anos que estão juntos, eu a odeio ainda mais!
- Bom dia querido. - disse Lauren beijando papai - bom dia Trisha - senti um tom de sarcasmo, eu e minha 'querida madrasta' não nos davamos muito bem. Ou melhor, não nos davamos nem um pouco bem.
- Olha. A familia toda reunida para tomar o café da manhã! - era Kate, filha de Lauren. Uma garota totalmente, fútil, falsa e sem noção. Era o que eu achava de Kate. Eu não a suportava!
- Bom, vou indo, acho que estou atrasada. Tchau papai. - o beijei na testa. Eu não estava nem um pouco afim de ficar ouvindo as besteiras que as duas sempre falavam. Pobre de meu pai.
Eram 8:00 horas, e eu me encontrava no ponto de ônibus. Sentada, encolida com as mãos nos bolços. A cada bufada, saia um vapor de minha boca. Aqule frio estava congelando meu rosto, fazendo-me me irritar ainda mais com a demora do ônibus escolar. Eu olhava o relógio de pulso minuto em minuto.
Stratford era uma cidade pequena, mas bem acolhedoura. Situava-se no sul de Ontário, no Canadá. Era uma cidade fria, mais que o normal.
A exatamente 8:30 o ônibus chegou atrasado. Logo no primeiro dia de aula. Peguei minha mochila e entrei, subindo as altas escadas do ônibus. Já lá dentro estava quentinho. Fitei as várias pessoas que estavam ali, alguns eu já conhecia e outros eram novos. Olharam para mim por um segundo - curiosidade para saber quem era a aluna que se juntara a eles - logo voltaram a fazer o que estavam fazendo. Um pouco mais no fundo avistei alguém acenando para mim. Era Justin chamando-me para sentar ao seu lado. Justin Drew Bieber, meu único e melhor amigo, desde que eu tinha apenas 7 anos. Justin era 3 anos mais velho que eu, e diferente também.
Tinhamos passado as férias de verão juntos. Justin tinha me levado para Los Angeles com a sua familia. Podia dizer que foram as minhas melhores férias. Justin e eu nos davamos tão bem... algo que eu não entendia, pois eramos tão diferentes. Justin sempre levara tudo na maior tranquilidade, sempre havia um sorriso em seu rosto. Mesmo sem motivo algum. Ele simplismente achava um, e me fazia rir também.
Juro que não sabia, como eramos amigos a tanto tempo. Eu era completamente chata, mal- humorada e muitas vezes era chamada de antipática. Talvez por que eu era um pouco contrária dquele velho ditado " a primeira impressão é a que fica" . As pessoas precisavam mais de uma só impressão para tirarem conclusões sobre mim.
Fui até Justin que estava sentado no penúltimo banco bem no fundo.
- Guardei um lugar pra você - disse Justin afastando-se, dando-me lugar para sentar.
- Valeu.- tirei minha mochila das costas e sentei-me.
- Achei que não viria hoje.
- Por que?
- Não sei. Você nunca vem em primeiros dias de aula. - expliquei. Justin sorriu. Era verdade, Justin sempre faltava primeiros dias de aula, e eu não sabia o porque.
- Você sabe...odeio essa confraternização de reencontro. - Justin virou a cabeça para a janela e o sol batera em seu rosto, fazendo com que seus olhos castanhos ficassem mais claros que o normal - é por isso. - completou virando-se de volta para mim. Apenas dei um sorriso despercebido.
[...]
Após a um longo e um tanto demorado caminho, chegamos a Avon Public School.
Levantei-me, e sai do ônibus. Justin estava comigo. Quando botamos os olhos em todos os alunos saindo dos ônibus, e abraçando uns aos outros, gritando, sorrindo e dando gargalhadas. Abraçavam-se como se não se vissem a anos e não a apenas 2 meses. Era um tanto meloso e exagerado que chegara a ser ridiculo - ao meu ponto de vista.
- Ainda você me pergunta por que não venho em primeiros dias de aula. - disse Justin, colocando sua mochila nas costas. Dei risada e um leve empurrão em Justin. O fiz rir.
Continuamos a caminhar e conversar. Até que chegamos nos corredores do prédio principal onde eram dadas as principais - e mais chatas- aulas.
O corredor estava tomado por alunos, caminhando pra lá e pra cá. Não paravam de falar um segundo, e isso me irritava.
- Então...primeira aula de que? - perguntou-me Justin, guardando alguns materias no seu armário, que por sorte situava-se ao lado do meu.
Peguei um papel que achara dentro do meu armário. Ali estavam meus horários de aula.
- Hum, matemática. - disse eu fazendo uma cara desagradável. Matemática nunca fora o meu forte. - e a sua?
Justin procurou no seu papel.
- Inglês. - disse ele - meus pêsames - continou ele, colocando uma de suas mãos em meu ombro. Droga! queria que ficassemos na mesma aula. - nos vemos depois. - pegou a sua mochila e jogou nas costas. Sorri, tentando esconder a decepção.
Fiquei no mesmo lugar a ver Justin caminhando pelo corredor lotado, com a sua cabeça abaixada segurando uma das alças da mochila que estava pendurada em seu ombro direito. Com a outra mão livre ajeitou a sua touca cinza por trás, logo depois colocou dentro do bolço da frente de suas calças jeans preta, que a cada passo parecia cair mais. Eu sempre achara estranho o modo como Justin usava as suas calças: eram caidas, deixando suas cuecas boxe's aparecerem - pelo menos usava camisetas cumpridas para cobri-las.
Justin desaparecera em meio a tanta gente, fazendo-me me sentir completamente sozinha...em uma multidão.
Sai dali. Caminhei pelo corredor lotado a procurar pela sala 7, onde eu iria ter a minha primeira aula. Ao encontrar, parei em frente a porta, pensando como seria minha recepção ao entrar na aula em que eu provavelmente seria a única aluna atrasada. Afinal, da última vez em que eu cheguei atrasada em alguma sala no primeiro dia de aula, é por que eu tinha sido trancafiada dentro do banheiro feminino por algumas garotas lideres de torcida, que antes disso, só por diversão haviam jogado refrigerante em mim, fazendo-me por isso passar meia hora dentro do banheiro tentando tirar o doce e o cheiro da bebida do meu cabelo. Não chorar e fingir que nada havia acontecido, era um modo que eu achara para amenizar tamanha humilhação que eu vinha passando desde que eu tinha botado meus pés na Avon Public School.
Respirei fundo e entrei. Soltei o ar.
- Bom dia senhorita... - falou uma mulher tentando adivinhar meu nome.
- Trisha Hudson - disse eu.
- Ah, senhorita Hudson. - disse ela com um enorme sorriso - sou a senhora Collins, sua professora de matemática - acrescentou - agora sente-se! - aquele largo sorriso tinha sumido de seu rosto dando lugar a uma desagradável cara séria e enrugada.
Peguei a apostila que a Sra.Collins estava-me oferecendo.
Sentei-me no fundo, em um lugar onde eu podia ter a visão do pátio vazio da Avon Public School. Fiquei a olhar por um instante, desconcentrada da aula de matemática -chata- que me deixava exausta.
A Sra.Collins já tinha passado alguns exercícios, após dela ter dado um longo e entedioso discurso de primeiro dia de aula. A única coisa que eu conseguia fazer era rabiscar algumas coisas no caderno e ficar com meu pensamento.Longe dali, dali da sala de aula, da voz aguda e torturante da Sra. Collins , daquelas vozes altas dos meus colegas que não paravam de cochichar e dar risadas. Uns falavam sobre a aula, enquanto outros fuxicavam sobre seus outros colegas.
Papai sempre dissera que eu era assim, que eu sonhava acordada, como minha mãe, que ela tinha feito um lugar em sua mente, onde só ela entendesse e pudesse entrar, onde ela podia fixar-se e assim esquecer o que ocorria em sua volta. Esquecer da triste realidade. Tanto que a tinham apelidado de Trisha-cabeça-de-vento. Bem, eu tinha herdado essa capacidade de criar minha própria realidade em um canto de minha mente como minha mãe. E o apelido veio junto.
[...]
A aula de matemática já estava no fim.
Bateu o sinal, fazendo-me pular da classe, me tirando daquele tal lugarzinho da minha mente. Peguei meus livros e saltei dali para me livrar daquele chatice.
Logo depois vieram as aulas de Geometria e Inglês. Foi na aula de Química que eu encontrei Justin. Estávamos entrando na sala de aula quando uma garota esbarrou em mim, fazendo-me derrubar os livros que estava em mãos e cair de quatro no piso gelado do laboratório de ciências. Fiquei no chão um instante, tomada pela vergonha de levantar e encarar todos que estavam ali -já dando gargalhadas da lezada que estava de quatro no chão.
Justin estava sentado em seu lugar, olhando-me com atenção. Levantou-se para vir até a mim para me ajudar, quando o olhei querendo dizer não-venha-até-aqui. Justin sentou-se de volta sem entender o motivo do meu ato. Eu achara que se alguém viesse me ajudar eu iria parecer mais fracassada ainda. Esse meu orgulho!
Ainda no chão, catei meus cadernos e alguns outros materiais que estavam espalhados pelo chão. Foi quando toquei em meu cabelo e senti que algo faltava. Era um dos meus brincos de caveirinhas pretas e olhos feitos com pedrinhas roxas -um dos vários presentes que Justin tinha me dado. E um dos meus favoritos também- Comecei a procurar pelo chão abaixo das classes. Quando um garoto, também abaixado apareceu na minha frente. O Olhei nos seus olhos. Quando sorriu. Ergueu sua mão e abriu. Era meu brinco.
- Acho que isso é seu. - disse ele ainda com um largo sorriso no rosto. Peguei o brinco de sua mão. Corei ao ver o garoto com seu rosto tão perto do meu. Agradeci e levantei-me rapidamente dali.
Sentei-me ao lado de Justin, que me olhava com uma cara estranha.
- O que foi? - perguntei.
- Por que não quis que eu fosse ajudar você?
- Não precisava. - disse eu colocando meu brinco. Justin balançou a cabeça como se não estivesse gostando. Fiz uma careta a ele.
O Sr.Scott já tinha passado alguns exercícios. Mas a única coisa que eu conseguia fazer era olhar para o garoto que tinha sido gentil comigo minutos atrás. Enquanto eu o observava, eu sentia algo estranho em mim. Cada vez que seus olhos encontravam os meus, eu sentia como se meu estômago estivesse cheio de borboletas. Eu corava a cada olhar que o garoto me dava. Tentei desviar meus olhares, mas era inevitável esconder que eu estava o observando. Mas ele sempre abria aquele largo sorriso. Eu o correspondia. Isso aconteceu durante a aula inteira.
- Alguma dúvida? - perguntou o Sr.Scott virando-se para nós alunos, com suas mãos cheias de giz. Logo depois pegando seus óculos e colocando em cima de sua mesa cheia de livros.
Foi quando o garoto -que eu trocara olhares durante aula- levantou a mão.
- Sim?- disse o Sr. Scott.
-Quando essa aula chata vai acabar?- perguntou ele. Tirando risadas do restante dos alunos.
- Em breve Sr. Finnye - disse o Sr. Scott seriamente - em breve... - resmungou mais uma vez. Sentou-se a ler um livro grosso um pouco velho, que na capa era impossível ver o titulo, pois as letras douradas já estavam quase sumindo.
- Que otário! - disse Justin acomodando-se em sua cadeira. Com suas mãos na cabeça. Completamente relaxado com se estivesse no sofá de casa. - espero que não queira entrar no time de basquete.
- Você vai entrar no time de novo? - perguntei surpresa.
- Por que não?
-Ano passado você quebrou o pé jogando. - disse eu- vai que quebre de novo. - ri comigo.
- Qual é! só quebrei por que aquele cara veio pra cima de mim. Você viu o tamanho daquele cara?
- Era um agarota, Justin. - disse eu. Justin olhou-me sério.
- Era uma garota enorme! - disse ele apontando o lápis para mim. Dei uma risada debochada e balancei a cabeça.
- Ta legal. Se você diz... - disse eu levantando as mãos.
Justin jogou-me uma bolinha de papel, fazendo-me rir ainda mais. O joguei de volta. Ele riu.
[...]
O sinal finalmente tocou. Era hora do recreio e eu encontrava-me sozinha, sentada na arquibancada do enorme campo de futebol da A.P.S. aquele frio extremo já tinha passado e os poucos raios de sol daquela manhã aquecia um pouco. Eu estava lendo a saga de Fallen de Lauren Kate. Sentada em posição de meditação e ouvindo música com meus fones de ouvido. Eu estava concentrada na leitura quando lembrei-me do garoto. Finnye. Admito que ele tinha chamado minha atenção. Com aqueles seus olhos verdes colados nos meus, na hora que estávamos agachados no chão. A sua boca aberta em um largo sorriso e os seus lábios com um tom rosado natural, que qualquer garota se mataria para ter.
Não sei se estava fazendo errado em pensar assim e Finnye. Se eu estava interessada na garoto. Mas que ele tinha mexido comigo ele tinha.
Levantei-me dali.
- Cuidado com a cabeça! - gritou alguém. aquele sempre fora a frase que eu mais detestava. Equipamentos esportivos de todos os tipos tinham uma maneira engraçada de serem atraídos por mim. Estremeci, olhando diretamente para o sol. Não podia ver nada e nem tive tempo de proteger meus rosto antes de sentir um golpe na cabeça. Cai.
- Meu Deus! - disse uma voz um pouco longe. Ouvi passos apressados vindo em minha direção. Uma pessoa ajoelhou-se ao meu lado - Ai meu Deus! Será que esta morta?- continuou - Ei garota! Acorda! Ai meu Deus! Ai meu Deus! - exclamou sacudindo-me.